Realismo Brasileiro: o que é, características, principais autores e como cai no vestibular

Postado 11 de julho de 2025

O Realismo brasileiro é uma das escolas literárias mais cobradas nos vestibulares, especialmente no ENEM, Fuvest, Unicamp e demais provas tradicionais. Com origens no século XIX, esse movimento marcou uma virada decisiva na literatura nacional ao abandonar os ideais românticos e retratar a realidade com crueza, crítica social e análise psicológica profunda.

Neste guia completo, você vai entender de forma clara e didática:

  • O que é o Realismo brasileiro;
  • Suas principais características e fases;
  • Os principais autores e obras;
  • As diferenças entre Realismo e Naturalismo;
  • Como o Realismo é cobrado nos vestibulares.

Prepare-se para mergulhar em um dos movimentos mais fascinantes da nossa literatura e para dominar esse tema essencial para suas provas!

O que é o Realismo brasileiro?

O Realismo é uma escola literária que surgiu na Europa como resposta ao excesso de idealização do Romantismo. No Brasil, ele ganhou força a partir de 1881, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, considerado o marco inicial do Realismo brasileiro.

O Realismo brasileiro se caracteriza por representar a realidade tal como ela é: sem máscaras, sem ilusões. É um movimento que valoriza a racionalidade, a observação da sociedade e a crítica aos costumes e instituições da época.

Diferentemente dos romances líricos, que exaltavam sentimentos e finais idealizados, o Realismo apresenta personagens imperfeitos, contraditórios, frequentemente imersos em conflitos morais, sociais e existenciais.

Contexto histórico do Realismo no Brasil

O surgimento do Realismo no Brasil está diretamente ligado às transformações sociais, políticas e econômicas do final do século XIX. Três grandes eventos contribuíram diretamente para a consolidação dessa nova forma de pensar e escrever:

1. A Abolição da Escravatura (1888)

O fim do sistema escravocrata foi um marco na história brasileira. Mesmo após a abolição, os problemas de exclusão social, racismo e desigualdade persistiram. Autores como Machado de Assis e Lima Barreto trataram essas consequências com profundidade, revelando os efeitos duradouros da escravidão na sociedade brasileira.

2. A Proclamação da República (1889)

O declínio da monarquia e o nascimento da república trouxeram grandes expectativas de modernização. No entanto, os escritores realistas revelaram que a mudança de regime não foi suficiente para resolver os problemas sociais do país. Eles denunciaram a hipocrisia das novas elites, a corrupção e a desigualdade.

3. Urbanização e modernização das cidades

O crescimento urbano, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, criou um novo cenário social: mais complexo, desigual e populoso. A literatura realista abandona os campos idealizados do Romantismo e foca nos cortiços, nas escolas públicas, nas ruas cheias de contradições e tensões sociais.

Rio de Janeiro em 1924

Centro do Rio de Janeiro em 1924 – Fonte: Acervo Instituto Moreira Salles – Foto: Augusto Malta

Características do Realismo brasileiro

  • Linguagem objetiva e descritiva: clara, direta, sem exageros sentimentais.
  • Análise psicológica dos personagens: foco no interior das personagens, suas motivações e dilemas.
  • Crítica social e ironia: autores expõem as mazelas da sociedade por meio de um olhar crítico e irônico.
  • Verossimilhança: os acontecimentos e personagens são próximos da realidade, possíveis e cotidianos.

As duas fases do Realismo no Brasil

O Realismo brasileiro pode ser dividido em duas fases distintas, cada uma com suas características e autores marcantes. Essa divisão ajuda a entender como o movimento evoluiu e se adaptou ao contexto brasileiro ao longo do tempo.

Primeira fase (1881–1893)

A primeira fase começa oficialmente com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), de Machado de Assis. Essa etapa é fortemente influenciada pelo Realismo europeu, especialmente pelo francês, e tem como foco as elites urbanas, principalmente no Rio de Janeiro. Nessa fase, os escritores adotam uma postura crítica diante da burguesia e exploram a hipocrisia social por meio da ironia, do pessimismo e da análise psicológica.

As obras desse período são mais voltadas ao comportamento humano, com ênfase nos conflitos internos dos personagens e nas contradições morais da sociedade. O narrador em primeira pessoa, frequentemente irônico e pouco confiável, é uma das marcas dessa fase. Machado de Assis é o nome central, mas outros autores começam a despontar com obras ainda alinhadas ao estilo europeu.

Segunda fase (1894–1930)

A partir da década de 1890, o Realismo brasileiro passa a incorporar elementos mais nacionais, aproximando-se do Naturalismo e do Regionalismo. Essa segunda fase amplia o foco para além das elites, retratando também as classes populares e os problemas sociais de forma mais direta e contundente.

Autores como Aluísio Azevedo, Raul Pompéia, Inglês de Sousa e Lima Barreto são os principais nomes dessa fase. Suas obras denunciam a desigualdade social, o racismo, o autoritarismo e outros problemas estruturais do Brasil recém-republicano. A linguagem se torna mais acessível, e os ambientes narrados incluem cortiços, internatos, favelas e pequenas cidades do interior.

Enquanto a primeira fase é mais sofisticada e voltada à análise individual, a segunda é mais coletiva e social, buscando representar a diversidade da sociedade brasileira e suas tensões históricas.

Qual a diferença entre Realismo e Naturalismo?

O Realismo e o Naturalismo são movimentos literários que surgiram na Europa do século XIX, como reações ao idealismo romântico. No Brasil, ambos caminharam lado a lado e compartilham diversas características, como a crítica à sociedade, a valorização da razão e o foco em temas concretos. No entanto, existem diferenças importantes entre eles, e entender essas distinções é essencial para mandar bem no vestibular.

O Realismo concentra-se na análise psicológica dos personagens, ou seja, investiga a alma humana, seus conflitos internos e motivações profundas. Suas obras são mais sutis, irônicas e reflexivas. Machado de Assis é o maior representante do Realismo no Brasil, justamente por seu estilo sofisticado e foco na subjetividade. Seus personagens costumam ser ambíguos, contraditórios e analisados sob uma lente crítica.

Machado de Assis

Retrato de Machado de Assis – Fonte: El País

Já o Naturalismo é uma vertente mais radical e determinista do Realismo. Influenciado pelas teorias científicas da época, como o evolucionismo de Darwin e o positivismo de Comte, o Naturalismo considera que o comportamento humano é moldado por fatores como hereditariedade, meio social e condições biológicas. Ou seja, o homem é visto quase como um produto do ambiente. As obras naturalistas geralmente trazem cenas mais fortes, linguagem direta e descrição de situações-limite, como violência, doenças, vícios e sexualidade. Aluísio Azevedo, autor de O Cortiço, é o principal nome desse estilo no Brasil.

Enquanto o Realismo é mais subjetivo e filosófico, o Naturalismo é mais objetivo e científico. Ambos criticam a sociedade, mas com abordagens diferentes. Saber distinguir essas características pode ser decisivo na hora de interpretar textos ou responder questões em provas como o ENEM ou a Fuvest.

TOP 5 autores do Realismo brasileiro

1. Machado de Assis

O maior nome do Realismo brasileiro. Com estilo irônico e sofisticado, explorou a alma humana como ninguém.

  • Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
  • Dom Casmurro (1899)
  • Quincas Borba (1891)

2. Aluísio Azevedo

Crítico das desigualdades sociais e precursor do Naturalismo no Brasil.

  • O Cortiço (1890)

3. Lima Barreto

Denunciou o racismo, o autoritarismo e a hipocrisia social com um estilo direto e contundente.

  • Triste Fim de Policarpo Quaresma (1911)

4. Raul Pompéia

Explorou o ambiente escolar como metáfora da sociedade brasileira.

  • O Ateneu (1888)

5. Inglês de Sousa

Retratou a região amazônica com realismo e crítica social.

  • O Missionário (1891)

A crítica social no Realismo

A crítica social é uma das maiores marcas do Realismo brasileiro. Os autores utilizaram suas obras para denunciar:

  • Racismo estrutural;
  • Hipocrisia religiosa;
  • Corrupção política;
  • Patriarcalismo;
  • Exclusão social.

Essa abordagem crítica fez da literatura uma ferramenta de análise do Brasil — e suas feridas continuam atuais.

Veja também! Aprenda tudo sobre literatura para a Fuvest:

Como o Realismo aparece no ENEM e vestibulares

1. Trechos de obras

É comum aparecerem trechos de Dom Casmurro, O Cortiço ou Memórias Póstumas de Brás Cubas, com perguntas que exigem identificar a crítica social, o tipo de narrador ou a análise psicológica do personagem.

2. Comparações entre escolas literárias

Questões pedem que o aluno diferencie Realismo de Romantismo ou Naturalismo, ou relacione a obra ao contexto histórico.

3. Temas contemporâneos

O Realismo é cobrado junto a temas como racismo, desigualdade, opressão e corrupção. Temas sempre atuais e relevantes para o ENEM.

Dica de ouro:

Fique atento ao narrador! Principalmente em Machado de Assis, o narrador nem sempre é confiável. Isso pode ser decisivo para interpretar corretamente a questão.

Por que estudar o Realismo é essencial?

Estudar o Realismo brasileiro é fundamental para quem deseja compreender não só a literatura, mas também a sociedade brasileira. Esse movimento nos ajuda a enxergar nossas contradições, nossas desigualdades e, ao mesmo tempo, a riqueza da análise crítica.

Se você quer ter sucesso no vestibular, dominar o Realismo é indispensável. E mais do que isso, é uma oportunidade de desenvolver seu senso crítico, sua capacidade de interpretação e sua visão de mundo.

Então, agora que você já sabe tudo sobre o Realismo, que tal começar a leitura de Dom Casmurro, O Cortiço ou Memórias Póstumas? Se você chegou até aqui, é porque leva sua preparação a sério.

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